No artigo de hoje vamos falar sobre o ceratocone. Trata-se de uma doença degenerativa da córnea que pode comprometer severamente a visão. Então, nos acompanhe nessa leitura e te guiaremos com as informações mais importantes sobre a doença, como suas causas, seus sintomas e os tratamentos disponíveis. Também mostraremos quais os procedimentos cirúrgicos e se há cura para o ceratocone. Vamos lá.
O que é o ceratocone?
A princípio, o ceratocone é uma doença genética degenerativa crônica que atinge a córnea. Em outras palavras, podemos comparar a córnea com o para-brisa de um carro, que serve como uma proteção para os olhos. Acontece que há em nossos olhos estruturas de fibra de colágeno que servem como sustentação e mantém as córneas no lugar. Sendo assim, os portadores de ceratocone apresentam algum tipo de deficiência nessas estruturas, o que compromete a córnea e desencadeia a doença.
Por isso, a principal característica do ceratocone é o afinamento e a deformação das córneas, que ganham gradativamente um formato cônico e prejudicam sensivelmente a visão. Desta forma, as pessoas portadoras de ceratocone apresentam alto grau de astigmatismo e até miopia.
Graus do Ceratocone e como afeta a visão
Conforme a doença avança, há fases, ou graus de severidade, que indicam qual o melhor tratamento e o quanto a visão do paciente será comprometida. Sendo assim, que podemos classificar:
- Grau 1: chamado de ceratocone incipiente. Aqui, a distorção na córnea ainda é leve e o grau geralmente é baixo. Por isso, é indicado o uso de óculos de grau ou lentes de contato;
- Grau 2: neste estágio, já percebe-se danos e alterações na córnea típicos do ceratocone. Geralmente, o tratamento mais eficaz é com lentes de contato rígidas;
- Grau 3: o ceratocone grau 3 é um estado avançado da doença, onde a córnea é irregular e bastante comprometida. Por isso, recomenda-se o uso de uma lente de contato gelatinosa para proteger a córnea e, por cima desta, a lente rígida para correção do grau;
- Grau 4: aqui está o estágio mais avançado do ceratocone, onde a visão está severamente comprometida, a córnea fica opaca e não oferece mais sustentação a nenhum tipo de lente. Neste caso, o único tratamento é o transplante de córnea.
Principais sintomas do Ceratocone
Há alguns sinais e sintomas que devemos observar mesmo antes do diagnóstico do ceratocone:
- Coceira nos olhos;
- Necessidade frequente de troca de grau do óculos;
- Visão dupla e/ou turva;
- Maior sensibilidade à luz;
- Visão desfocada;
- Dor de cabeça;
- Enxergar halos ao redor de fontes de luz;
- Astigmatismo;
- Miopia, entre outros.
Como é feito o diagnóstico do ceratocone
Há alguns exames que fazem o diagnóstico para o ceratocone. Sendo que todos eles são rápidos e indolores:
- Exame de paquimetria: embora tenha um nome incomum, trata-se de um exame simples e indolor, onde o objetivo principal é medir com precisão a espessura da córnea. Essencialmente, há dois tipos de exame de paquimetria, sendo:
- Paquimetria ultrassônica, onde se usa um ultrassom para realizar o exame;
- Paquimetria óptica, que faz uso de um microscópio.
- Topografia córnea: mais um aliado importante no diagnóstico do ceratocone, a topografia da córnea avalia a curvatura da córnea em toda sua extensão, desde o centro até a sua periferia. Além disso, um exame de topografia da córnea vai indicar o melhor tratamento, baseado na degeneração da córnea observada;
- Biomicroscopia: também conhecido como exame de lâmpada de fenda, este é um exame essencial na oftalmologia. Bem como o exame de paquimetria óptica, aqui se usa um microscópio. Porém, em conjunto com uma potente lâmpada que analisa diversas estruturas oculares, entre elas a córnea.
Quais são as causas do ceratocone?
Atualmente, sabe-se que o ceratocone tem origem principalmente genética e hereditária. Porém, há alguns fatores que podem aumentar as chances de contrair a doença.
- Histórico familiar: caso haja alguém em sua família com essa condição, deve-se tomar cuidado redobrado, fazendo exames periodicamente;
- Esfregar os olhos com frequência: coçar ou esfregar exageradamente os olhos pode eventualmente danificar as córneas;
- Doenças e síndromes como: asma, rinite alérgica, síndrome de Down e Ehlers-Danlos, entre outras, estão relacionadas ao aparecimento do ceratocone;
- Idade: frequentemente, o ceratocone é mais comum dos 10 aos 30 anos. Porém, há casos de pacientes que contraem o ceratocone depois dos 40 anos de idade.
Tratamento disponível para o ceratocone
Ao passo que há graus de avanço do ceratocone, estão disponíveis tratamentos para cada um deles. Basicamente divididos em uso de óculos ou lentes de contato e cirurgia para o ceratocone, como veremos a seguir.
- Óculos ou lentes de contato: o uso de óculos é o que se recomenda para o grau inicial da doença. Porém, quando seu uso não produz o resultado satisfatório, deve-se passar para o uso de lentes de contato para ceratocone, que no caso podem ser gelatinosas, semi rígidas ou rígidas, dependendo do grau da doença e da adaptação de cada paciente;
- Cirurgia para ceratocone: após o ceratocone avançar para os graus 3 ou 4, o tratamento mais indicado é recorrer à cirurgia para correção da curvatura da córnea. Todavia, se a córnea não apresenta mais condições físicas ou está muito turva ou cônica, a melhor alternativa passa a ser o transplante de córnea.
Ceratocone tem cura? Cirurgia para ceratocone
Infelizmente, o ceratocone não tem cura. Por outro lado, quando diagnosticado e tratado corretamente, pode-se restabelecer ao paciente uma boa acuidade visual e, consequentemente, melhor qualidade de vida. Nesse sentido, nos casos mais severos de ceratocone em que a córnea ainda não está totalmente comprometida, há procedimentos com resultados encorajadores:
- Anel Corneano: também conhecido como Anel de Ferrara ou Intracorneano, trata-se de um pequeno anel implantado na camada interior da córnea, com o objetivo de aumentar sua rigidez e auxiliar a regular a sua curvatura. Assim, este é o processo indicado imediatamente após o uso de óculos e lentes de contato que não trouxeram resultados satisfatórios;
- Crosslinking da córnea: este é um procedimento simples, onde após aplicação de anestesia local, o paciente recebe um colírio de vitamina B2. E, posteriormente, aplicações de raio laser de luz UV em sua córnea. Deste modo, o resultado é um aumento na rigidez da córnea e a estabilização da mesma. O Crosslinking da córnea serve bem para os casos iniciais a moderados do ceratocone e para a faixa mais atingida pela doença, entre 18 e 25 anos;
- Transplante de córnea: o último recurso, quando nenhum outro procedimento teve resultados positivos, é o transplante de córnea. A cirurgia funciona como qualquer outro transplante. Por isso, o paciente deve se cadastrar em um Banco de Olhos e estar apto a receber o órgão, ou seja, saudável e sem doenças. Aqui, ressaltamos a importância de ser um doador de órgãos.
Quanto custa uma cirurgia?
A princípio, uma cirurgia para ceratocone depende de vários fatores, como qual o tipo do procedimento indicado para cada caso, bem como a clínica onde se realizará, assim como o seu plano de saúde e também a equipe de profissionais que fará a cirurgia. Por isso, somente após uma avaliação completa será possível saber o valor exato da intervenção cirúrgica.
Como prevenir o surgimento do Ceratocone?
Evidentemente, alguns fatores, como o genético e hereditário, fogem ao nosso controle. Contudo, o diagnóstico precoce e evitar alguns hábitos como coçar e esfregar demais os olhos, por exemplo, são valiosos aliados na prevenção do ceratocone. Por isso, se há histórico na família de pacientes com ceratocone, é importante realizar exames periodicamente no sentido de avaliar alguma eventual alteração nas córneas.
Lentes de óculos para ceratocone
De acordo com o que vimos ao longo dessa leitura, em suas fases iniciais, o tratamento do ceratocone se faz com o uso de óculos de grau e lentes de contato. Proporcionando assim uma visão nítida, mesmo sendo portador de ceratocone. Por isso, mesmo que você opte por usar lentes de contato, e devido à sua vida útil relativamente curta, é válido considerar e adquirir um óculos de grau para situações de emergência, como uma longa viagem de avião, onde o ar da cabine é notavelmente mais seco, por exemplo.
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Fontes:
American Academy of Ophthalmology