Como lidar com depressão e ansiedade durante o isolamento social?

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Estamos completando quase 60 dias de isolamento social, sem uma previsão exata de quando pode acabar. Por ser uma situação nova que estamos enfrentando, ela requer uma adaptação total e, com isso, a ansiedade tem atingido boa parte da população brasileira. 

Além disso, com a ansiedade vem a depressão – bastante comum em quem precisa ficar sozinho nesse período, e também para os idosos, que perdem o contato com familiares por fazerem parte do grupo de risco do novo Coronavírus.  

Para se ter uma ideia, os casos de ansiedade quase que dobraram no país, e os casos de depressão aumentaram cerca de 90%, de acordo com um estudo feito pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ)Mas… é normal sentir tudo isso com o isolamento social? O que fazer? Quando pedir ajuda?

A Lenscope bateu um papo com psicóloga Julia Pereira sobre esse momento que estamos enfrentando. Então, vamos conferir quais foram as dicas que ela deixou para a nossa comunidade?

Psicóloga Julia Pereira

Como lidar com ansiedade e depressão diante do novo coronavírus?

De acordo com a psicóloga Julia Pereira, o cenário atual da pandemia, acompanhada pelo isolamento social, produz um quadro de muita tensão para nosso aparelho psíquico. Isso acaba englobando um conjunto de fatores estressantes que se sobrepõem uns aos outros. 

O primeiro grande fator é o rompimento abrupto de uma continuidade de nossas vidas que o isolamento instaurouO fato de que estamos em isolamento social já traz grandes repercussões para nosso equilíbrio emocional.

Ainda que existam pessoas que se adaptem mais facilmente a qualquer mudança de rotina, tais alterações demandam uma grande quantidade de energia, pois estamos sempre  ao longo da vida tentando restaurar estados de maior equilíbrio e previsibilidade, na busca por sentirmo-nos seguros. 

Qualquer mudança repentina na continuidade de nossas vidas é sentida como uma grande ameaça, em maior ou menor grau dependendo de cada pessoa.

Então, além da apreensão com COVID-19 e as gravidades existentes pela doença, de acordo com a psicóloga, existem também outras preocupações como: ameaças ou a efetiva perda de trabalho, recursos financeiros, da privacidade do sujeito, de boa parte de sua liberdade e autonomia, e afrouxamento dos vínculos sociais.

Está provado cientificamente num estudo Norte Americano feito na  Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill, publicado na revista “Proceedings of the National Academy of Sciences”, diz que a falta de conexões sociais robustas causa um impacto tão negativo em nossa saúde e expectativa de vida quanto o tabagismo – e que pode ser, inclusive, mais grave que sedentarismo ou obesidade, como aponta a psicóloga.

Mas como identificar os sinais que nosso corpo está dando? Veja só:

Sinais que indicam depressão e ansiedade

Os principais sinais persistentes de depressão e ansiedade são:

  • Desanimo
  • Tristeza 
  • Desesperança
  • Falta ou excesso de apetite
  • Alterações de padrão de sono
  • Sudorese
  • Taquicardia
  • Falta de ar
  • Alteração das funções sexuais

Julia destaca que os sintomas psicológicos devem ser entendidos como manifestações disfuncionais do modo de viver de cada indivíduo. Isso quer dizer que cada pessoa vai ter uma reação diferente, pois cada um tem suas próprias adversidades. Por isso, é importante prestar atenção nos sinais que o nosso próprio corpo dá. 

Crises ou agravamento de doenças psicossomáticas associadas ao estresse: gastrite nervosa, enxaqueca, hipertensão, diabetes, crises alérgicas, labirintite, asma, queda de cabelo, entre outras doenças autoimunes. 

Também é possível que uma pessoa fique tão afetada e tão atordoada que passe por um estado no qual nega a realidade. Ou seja, ignora a gravidade da pandemia. Com isso, passa a não ter os cuidados básicos de higiene e se deixa suscetível ao contágio, explica a psicóloga. 

E se você tem algum desses sintomas ou alguma outra aflição, você pode procurar pela ajuda psicológica ou médica a qualquer momento 🙂 .

Como lidar com isolamento social, depressão e ansiedade?

Sentimentos de angústia ou incertezas podem surgir e estamos suscetíveis a descontar em comportamentos compulsivos. Por exemplo, o uso excessivo de celular ou comer demais. 

A psicóloga explica que os comportamentos compulsivos oferecem uma forma aparentemente bem sucedida para contornar essas situações. O importante é dosar esses hábitos.

“No momento, não julgo recomendável estabelecer mais privações do que as que já se apresentam. Então não há problema em exagerar na comida ou na tecnologia um dia ou outro. Afinal, diante de tantos desprazeres, merecemos algumas indulgências. Porém, BOM SENSO deve ser referência hoje, mais do que nunca. Alimentar-se de boas experiências é fundamental e a criatividade auxilia muito nisso” – Psicóloga Julia Pereira.

Além disso, é possível estimular o nosso corpo a produzir hormônios que diminuem a ansiedade através de algumas atitudes.

As atividades que podem ajudar a diminuir a ansiedade são:

  • Ter alimentação saudável;
  • Ter boas noites de sono em ambiente escuro e silencioso;
  • Tomar um pouco de sol diariamente;
  • Ouvir música;
  • Brincar com animais de estimação;
  • Realizar atividades físicas e meditação;
  • Exercitar a solidariedade;
  • Manter contato com pessoas queridas;
  • Aprender uma atividade nova;
  • Exercitar a criatividade;

“É provado cientificamente que essas ações modificam positivamente a química de nosso cérebro, reduzindo dor, ansiedade, fraqueza, indisposição e aumenta o sistema imunológico, além da  expectativa de vida no longo prazo”, afirma Julia. 

Agora é preciso ter equilíbrio, pois o isolamento social que estamos vivendo é uma situação extremamente atípica. Não estávamos preparados para isso e nunca precisamos passar por situações semelhantes. Então, é importante não nos cobrarmos para sermos mais produtivos, por exemplo. 

Sabe aqueles mil cursos online gratuitos disponíveis? Eles são excelentes, caso você queira fazer. Mas faça no seu tempo! Isso porque, à medida que alguns de nossos prazeres foram retirados (como a nossa liberdade e possibilidade de sair, de ver pessoas queridas, de ir à academia), é preciso encontrar novos prazeres.

Portanto, é permitido você se encontrar novamente. Por exemplo, cozinhar mais, comer algo que goste de vez em quando, assistir séries. Só tenha a cautela de não abandonar as suas obrigações, planos e sonhos.

“O que se esconde atrás desses comportamentos é uma enorme dificuldade em se aceitar que TODOS temos dias ruins. Quando eu aceito um mau dia, eu aceito minha dor, eu me cuido e consigo atribuir novos significados às experiências dolorosas. É através desse processo que superamos as dificuldades”, afirma Julia Pereira, psicóloga.

Ainda segundo ela, o ideal é estabelecer uma rotina equilibrada e munida de arte. Por exemplo, se você já trabalhava ou já exercia alguma atividade, é importante retomar essa rotina em casa na medida do possível, para que a sua adaptação seja mais fácil e você também possa ocupar a cabeça. 

Realizar atividades que envolvam arte, como ler, escrever, pintar, desenhar, ver filmes mais profundos, entre outros. Todas essas atividades  ajudam a diminuir os sintomas de depressão e ansiedade.

Como fica a ansiedade e depressão com home office?

A psicóloga orienta a enxergar os pontos positivos do home office. Por exemplo: não precisar pegar trânsito e poder acordar um pouco mais tarde. E não se compare com os outros colegas. Produtividade é uma questão individual, cada um tem a sua, e em época de pandemia os padrões podem mudar e isso é normal! 

Outra dica é, se possível, trabalhar em um lugar de casa que seja mais isolado. Caso não consiga, tente se adaptar e encontrar a melhor maneira para fazer seu home office.

Confira também dicas que podem te ajudar a ser mais produtivo trabalhando em casa.

Crianças em casa na quarentena. O que fazer?

“As crianças, antes da pandemia, passavam longas horas longe dos pais e sofriam muito com isso. Agora, por outro lado podem tirar enormes benefícios dessa convivência.

Há quase 70 anos uma geração não passava tanto tempo com os pais e isso é um ponto muito positivo para elas”, diz Julia. A psicóloga também orienta sobre a importância de explicar para a  criança  o que está acontecendo no atual momento.

Aliás, já há inúmeros livros e sites que explicam de forma lúdica e na linguagem da criança o que é o Coronavírus e o porquê estamos vivendo o isolamento social. Além disso, a rotina da criança deve ser mantida para gerar menos ansiedade.

Confira o que você pode fazer com as crianças em casa devido o isolamento social: 

  • Fazer atividades no quintal/varanda/sacada de casa;
  • Jogar ao lado do seu filho(a);
  • Criar um novo jogo com ele(a);
  • Fazer caça ao tesouro;
  • Ajudar em uma nova receita;
  • Fazer acampamentos na sala ou no quarto;
  • Brincar de quiz com a família.

A plataforma Play Kids também disponibilizou peças de teatro infantis gratuitas.

Como enfrentar o isolamento social?

A pessoa pode procurar ajuda psicológica a qualquer momento, pois o trabalho do psicólogo não se restringe apenas à remissão de sintomas, como Julia explica.

Qualquer um de nós pode se beneficiar do processo que gera maior autoconhecimento, proporciona o desenvolvimento de posturas resilientes, melhora habilidades sociais, autoestima e assertividade. 

“Vai passar. Está tudo bem não estar bem o tempo todo!! Vamos encarar isso como uma oportunidade para rever prioridades, reparar erros, aprender e reescrever nossa história” – Psicóloga Julia Pereira.

Nós da Lenscope estamos aqui para te ajudar. Queremos te dar apoio durante este momento difícil e tudo isso vai passaQuando quiser conversar com alguém, fale com a gente!  Nós também adoramos bater um papo. Nossos canais de atendimentos são:

Qualquer dúvida, fale com a gente 🙂 Esperamos que esse artigo tenha te ajudado! Acompanhe também o trabalho da psicóloga Julia Pereira nas redes sociais.

Veja todas as medidas da Lenscope frente ao COVID-19.

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Marcações:

2 comentários em “Como lidar com depressão e ansiedade durante o isolamento social?”

  1. O artigo foi muito esclarecedor, pois estou com os sintomas de ansiedade e depressão e pude receber orientação para melhor lidar com o problema. Vou tentar fazer alguma atividade que tire um pouco a minha ansiedade. Obrigada doutora Julia Pereira.

    1. Olá, Jocelma! Muito obrigada pelo seu comentário

      Ficamos muito contentes que dicas da psicóloga Julia Pereira tenha lhe ajudado nesse momento que estamos passando. Desejamos tudo de bom para você
      Tudo vai passar! Fique bem!

      Sempre que precisar, conte com gente

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