Uveíte: o que é, causas, tratamentos e o risco de perda da visão

uveíte
4.6
(12)

A uveíte é o termo genérico que descreve um grupo de doenças inflamatórias que causam inchaço, vermelhidão e podem danificar o tecido ocular.

Esse problema ocorre quando a camada intermediária do olho, conhecida como úvea, inflama. Esta camada, também chamada de trato uveal, envolve o globo ocular e é composta por 3 estruturas: a íris (parte colorida de nossos olhos), corpo ciliar e coróide (membrana que irriga a região com sangue).

Se você apresentar algum dos sintomas de uveíte, procure imediatamente seu oftalmologista e procure tratamento para evitar sequelas de longo prazo, que podem a cegueira. 

Quem tem uveíte?

A uveíte é uma condição relativamente rara que atinge todos os anos entre 2 e 5 pessoas a cada 10.000, atingindo igualmente homens e mulheres.

Mas a prevalência é maior em adultos entre 20 e 59 anos, particularmente aqueles que sofrem de outras inflamações ou doenças imunes.

Quais as causas da uveíte?

A uveíte é causada por uma resposta inflamatória no olho, que normalmente ocorre após um dano ao tecido dos olhos ou pela presença de microorganismos ou toxinas.

Possíveis causas da inflamação podem ser agrupadas em 2 categorias:

Causas infecciosas

Nesses casos, a condição é uma reação imune de nosso corpo a algum tipo de infecção nos olhos, causada pela ação de fungos, bactérias, vírus ou protozoários:

  • Infecções como a herpes zóster, herpes simples, sífilis, doença de lyme ou parasitas como a toxoplasmose e citomegalovírus;

Causas não infecciosas ou auto-imunes

Há diferentes doenças auto-imunes que podem levar a inflamação da úvea:

  • Doenças inflamatórias como doenças inflamatória intestinais (como a doença de Crohn e colite ulcerativa), artrite reumatóide ou lúpus;
  • Lesões oculares.

Segundo o oftalmologista João Lins de Andrade Neto, presidente da Sociedade Brasileira de Uveítes (SBU), “muitos episódios não têm uma causa conhecida. Mas infecções e doenças reumatológicas estão associadas à doença. Muitos episódios não têm uma causa conhecida. Mas infecções e doenças reumatológicas estão associadas à doença”. 

Em casos raros, medicamentos a exemplo de antibióticos como o pamidronato, rifabutina, sulfonamida e cidofovir podem causar o problema. 

Classificação da uveíte

A uveíte pode ser classificada de acordo com o local onde ocorre no olho. Os 4 principais tipos de uveíte são:

Uveíte anterior

A uveíte anterior ocorre na parte frontal do olho, por isso também conhecida como irite ou iridociclite.

É a forma mais comum da condição, predominantemente ocorrendo em jovens ou pessoas de meia idade.

Muitos casos ocorrem em pessoas saudáveis e pode afetar apenas um dos olhos; outros casos estão associados com doenças reumáticas, dermatológicas, gastrointestinais, pulmonares ou infecciosas.

Uveíte intermediária

A uveíte intermediária é mais comumente encontrada em jovens adultos. O centro da inflamação frequentemente aparece no vítreo. Este tipo pode estar relacionada a diversos distúrbios como sarcoidose e esclerose múltipla.

Uveíte posterior

A uveíte posterior é a forma mais rara da condição. Ocorre primariamente na parte de trás do olho, comumente envolve tanto a retina quanto a coróide. É também chamada de coroidite, coriorretinite ou retinite.

Há diversas causas infecciosas ou não infecciosas que podem causar uveíte posterior, mas, no Brasil, se destacam a toxoplasmose e sífilis.

Uveíte difusa ou panuveíte

A panuveíte é o termo usado quando todas as 3 estruturas do trato uveal inflamam. A doença de Behçet é uma das formas mais conhecidas de pan-uveíte e muito danosa à retina.

Uveíte intermediária, posterior e panuveíte são as formas mais severas e altamente recorrentes da doença e podem levar a perda de visão se não tratadas.

Sintomas

Uveíte pode atingir um ou ambos os olhos. Os sintomas podem surgir e evoluir rapidamente e incluem:

Os sinais e sintomas apresentados pela uveíte podem ser particulares do tipo de inflamação.

Uveíte anterior aguda pode ocorrer em um ou em ambos os olhos em adultos e é caracterizado por dor nos olhos, visão turva, sensibilidade à luz, pupilas contraídas e vermelhidão.

Uveíte intermediária causa visão embaçada e moscas volantes. Normalmente não está associada a dor.

Uveíte posterior pode causar perda de visão. Este tipo de uveíte pode apenas ser detectado apenas em exames oculares.

Uveíte ou uma simples conjuntivite?

Tanto a conjuntivite quanto a uveíte anterior têm como sintomas: vermelhidão, sensibilidade à luz (fotofobia) e dor nos olhos.

Entretanto, os tratamentos são distintos e o atraso no diagnóstico correto pode prolongar ou mesmo agravar o quadro do paciente com uveíte.

“O tratamento da uveíte é diferente do da conjuntivite. Sem entender o que está causando os sintomas, fica complicado amenizá-los”, afirma o médico oftalmologista João Lins.

Tratamentos para a uveíte

A uveíte precisa ser tratada imediatamente a fim de prevenir sequelas permanentes. Em primeiro lugar, o tratamento terá como objetivo eliminar a inflamação, o que pode aliviar a dor, prevenir mais dano ao tecido ocular e restaurar eventual perda de visão ou déficit visual.

O tratamento específico depende do tipo de uveíte apresentado e da gravidade dos sintomas. Uveíte anterior, por exemplo, é considerada uma condição menos severa e é normalmente tratada com uso regular de colírio.

Por outro lado, outros tipos de uveíte podem requerer tratamentos mais agressivos. Alguns tratamentos são focados nos olhos em si, como por exemplo o uso de colírios com corticoides, também conhecidos como corticosteróides, e injeções no entorno dos olhos ou diretamente nos olhos.

Outros tratamentos como imunossupressores podem ser receitados via oral e podem ser usados quando a doença acomete ambos os olhos, particularmente na parte posterior (de trás) dos olhos.  

Um médico oftalmologista irá normalmente prescrever um corticóide para reduzir a inflamação na forma de um colírio, por via oral (na forma de pílulas), injetado na região dos olhos, ou administrado de forma endovenosa.

Entretanto, é importante salientar que o uso de corticóides por períodos prolongados pode produzir efeitos colaterais como úlceras estomacais, osteoporose, diabete, catarata, glaucoma, doenças cardiovasculares, ganho de peso ou retenção de líquidos, entre outros. 

Outros agentes imunossupressores podem ser necessários, tais como metotrexato, micofenolato, azatioprina e ciclosporina. Estes tratamentos requerem testes periódicos de sangue para monitorar o aparecimento de efeitos colaterais.

Tratamento da uveíte anterior

A uveíte anterior pode ser tratada através de:

  • Colírio que dilata a pupila a fim de prevenir espasmos musculares na íris e corpo ciliar;
  • Colírios que contêm esteróides tais como prednisona para reduzir a inflamação.

Tratamento de uveíte intermediária, posterior e difusa (panuveíte)

A uveíte intermediária, posterior e difusa são normalmente tratadas com injeções na região dos olhos ou através de medicamentos de via oral.

Após se certificar que o paciente não está acometido por uma infecção, o tratamento envolve o uso de agente imunossupressores.

Quando ir para o médico?

Se você estiver com dor nos olhos, alta sensibilidade à luz e qualquer alteração na visão, você deve procurar imediatamente um oftalmologista.

Sem tratamento, a uveíte pode levar à catarata, glaucoma ou deteriorar a anatomia dos olhos, podendo levar a cegueira.

O diagnóstico inclui um exame completo e análise do histórico médico do paciente. Testes de laboratório podem também ser solicitados a fim de identificar infecções ou doenças autoimunes.

Uveíte e fatores de risco

Algumas alterações genéticas podem tornar algumas pessoas mais suscetíveis ao desenvolvimento da condição. 

Fumar também está associado a um aumento no risco de uveíte.

Uveíte tem cura?

Sim. Entretanto, para que não haja sequelas irreversíveis, o tratamento deve ser iniciado o mais brevemente possível.

O primeiro passo é diagnosticar o tipo de uveíte para identificar o tratamento e medicamentos corretos.

Uma vez que a causa da inflamação tenha sido tratada, em muitos casos os tratamentos irão suprimir as inflamações para que seu próprio corpo se cure.

Uveíte em recém-nascidos

A uveíte pode também acometer recém-nascidos. Nesses casos, está normalmente se apresenta como uma uveíte posterior (coriorretinite) e é decorrente de infecção por sífilis, toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus ou herpes transmitida pela mãe no parto.

Recomendações e dicas de médicos

  • Se seus olhos mostrarem vermelhidão e doloridos, procure um oftalmologista.
  • Segundo o oftalmologista Ulysses Salgado Jr, o diagnóstico deve ser precoce, pois “dependendo da área da retina onde surja o foco, [a região] depois cicatriza, mas pode ficar com perda irreversível da visão”.
  • Realize exames adicionais prontamente, mesmo se não relacionados com a visão, se solicitado pelo seu médico.
  • Não use lentes de contato se houver inflamação nos olhos, como em um quadro de uveíte.
  • Não se automedique.

Fontes:

National Eye Insitute

Uveitis.org

American Academy of Ophthalmology

Mayo Clinic

Uveítes Brasil

Revista Saúde

O que você achou disso?

Clique nas estrelas

Média da classificação 4.6 / 5. Número de votos: 12

Nenhum voto até agora! Seja o primeiro a avaliar este post.

Lenscope

A Lenscope descomplica a correção visual, oferecendo lentes para óculos com todos os tratamentos entregues em casa a uma fração do custo. Desenvolvemos tecnologias que possibilitam uma jornada 100% digital, precisa e acessível, permitindo oferecer produtos superiores até 70% mais baratos do que alternativas encontradas em ópticas tradicionais. Fomos incubados pela Eretz.bio, incubadora do Hospital Albert Einstein, acelerados pela Samsung, através do programa Creative Startups e recebemos apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), no desenvolvimento tecnológico. Fazemos parte do Cubo Itaú e da Supera, parque tecnológico da USP de Ribeirão Preto.

Marcações:

4 comentários em “Uveíte: o que é, causas, tratamentos e o risco de perda da visão”

    1. Olá, Alessandra. Sentimos muito pela sua situação. O ideal é que procure um oftalmologista imediatamente e explique o que está sentido, pois ele é o profissional adequado para prescrever um tratamento para você. Esperamos ter ajudado. 🙂

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *